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sábado, 1 de janeiro de 2022

Resenha: Filhos do Jacarandá - Sahar Delijani

 

"Três em um, como galhos de uma árvore, do pé de Jacarandá em seu pátio. Não se podia dizer onde terminava a árvore e começavam os galhos. Assim eram as três crianças: a árvore dos seus galhos". p. 58
Se você gosta de livros do sobre Oriente Médio e do estilo de Khaled Hossein, vai amar "Filhos do Jacarandá". Aqui temos quase uma biografia de Sahar Delijani e sua família; na verdade a escritora se inspirou em si mesma e em muitos parentes para construir seu enredo.

O livro tem vários recortes de tempo e vários personagens que se completam, que fecham um ciclo no final. É um mosaico de vidas que se unem e nos dá uma linda prova de superação e fortes laços familiares.

A estória se passa no Irã, depois que o país passou de monarquia a república (Revolução de 1979)  e instituiu o comando do aiatolá Khomeini. O ambiente é de guerra e a insegurança ronda as casas e pessoas.

"O carro parou enfim numa estrada poeirenta, preso entre longas filas de carros estacionados. Alguns lampiões a querosene piscavam, levando luz aos rostos exaustos daqueles que, como eles, haviam escapados das bombas e mesmo assim pareciam nada ter a mostrar. Fugitivos buscando abrigo na vastidão dos campos, sob um céu vazio. Fugitivos que abandonaram os mitos de coragem e martírio, de virgens e paraíso, com os quais os que detinham o poder atraíram seus filhos, irmãos e maridos para os campos minados". p. 80

A maioria dos personagens tem ideais de justiça e liberdade, e devido ao ambiente de revolta que o Irã se encontrava, a maioria esta preso.

O livro começa com Azira parindo Neda na prisão, vivenciamos o parto, as angústias dessa mãe e a dor da separação quando a menina foi morar com os avós aos 45 dias.

Também ficamos conhecendo Ledaessa foi a personagem que mais gostei, ela é obrigada a largar o emprego, o amor, e a vida para cuidar dos filhos das irmãs que estão presas, ela junto com Maman Zita, vivem em função das três crianças. O amor altruísta dessas mulheres é comovente.

Outra estória emocionante é de Omar que esta preso enquanto sua esposa Mariah tem a filha do casal, e sua única esperança é poder deixar uma herança a menina, nem que seja uma pulseira de sementes de tâmaras.

Todas essas vidas estão ligadas, e penso que a escritora fez uma analogia entre o pé de Jacarandá e as mulheres Leda e Zita, porque nelas que todos encontraram a força e a proteção, foram as mulheres que cuidaram das vidas de todo mundo, para que quando saíssem da prisão, cada um conseguisse recomeçar sua jornada.

O que mais gosto nesses romances ambientados no oriente médio é a força feminina que é mostrada, apesar de se tratar de uma cultura totalmente machista e que massacra os direitos das mulheres, Delijani, assim como Hosseni, conseguem mostrar como as mulheres são perseverantes e não se enfraquecem perante os obstáculos.

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