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sábado, 1 de janeiro de 2022

Resenha: A Menina que Fazia Nevar - Grace McCleen

 

"E então sei que sou imensa e sou pequena, ficarei para sempre e irei em um minuto, sou tão nova quanto um ratinho e tão velha quanto o Himalaia. Estou quieta e estou girando. E, se sou pó, sou também pó das estrelas." p.196

Uma obra fala muito sobre o seu criador, e acho que "A Menina que fazia nevar" tem muito da sua escritora Grace McCleen, que como Judith, nossa narradora e protagonista, foi criada na religião fundamentalista cristã dos últimos dias (Mórmons).

"A Menina que fazia nevar" conta a estória de Judith, uma menina de 10 anos que é criada pelo pai, sem contato com as pessoas de outras religiões, colecionadora de pequenas bugigangas que encontra na rua, e faz do seu quarto o seu mundo! Nele Judith fez uma maquete de mundo: Terra Gloriosa! A menina se vê sozinha a maior parte do tempo pois, seu pai, um homem fechado, taciturno e triste, trabalha a maior parte do tempo na fábrica da cidade e a rotina deles não passa de poucas palavras e estudos bíblicos, e pela  espera do Armagedon (Fim do Mundo).
Judith é alvo constante de gozações na escola, mas a vida da menina começa a sair do eixo quando um colega de classe, Neil, promete enfiar a cabeça dela na privada. Crente que morrerá, com muito medo e sem ter com quem conversar, Judith se desespera, e vê na Terra Gloriosa a única oportunidade de diversão. No domingo após o culto, a garota pensa em como  "os milagres podem ser tão pequenos que as pessoas nem percebem", e ela pensa que seria muito bom se nevasse, pois assim não precisaria ir na escola e nem "morrer" afogada na privada, como prometeu Neil. Então enche sua maquete de espuma de barba, e por "milagre" no dia seguinte, a cidade amanhece coberta de neve. 
Nesse momento inicia a tensão no livro, pois Judith acredita ter poderes, começa a falar com Deus e seu pai anda preocupado demais com uma greve que é instalada na fábrica.
página 300
Eu tenho um carinho especial por livros que são narrados por crianças, pois o universo e a mente infantil é repleta de sonhos, medos, angústias, e uma palavra mal colocada vira uma bola de neve na cabeça e no coração de uma criança.

Judith é uma menina solitária, sem lembranças da mãe a não ser pelo amor que as duas tem pelo artesanato e 4 fotos espalhadas pela casa, julgando não ter o amor do pai e sem amigos ou parentes, ela cria seu mundo, e a religião é um alento perigoso em para seu coração. Ela vê no Armagedon a possibilidade constante de ser feliz e ver seus pais unidos novamente.
Esse livro expressa bem o que a imaginação pode causar em crianças que não tem liberdade para se comunicarem, e o que  podem fazer e sofrer.

É um romance cheio de tensão, é comovente, em certas páginas você quer colocar a menina no colo e dizer que tudo ficará bem...Muito interessante como Grace McCleen conseguiu penetrar na mente de uma menina de 10 anos, e fazer tantos sentimentos se tornarem reais, chego a pensar se não era ela uma "Judith".



 Amei e recomendo a leitura!

Resenha: O Inferno de Gabriel - Sylvain Reynard

 

"...ele me mostrou que um voto é a promessa que o marido faz de que irá amar sua esposa e não só usá-la para o sexo. Ele disse que esse voto expressava a ideia de que fazer amor é um ato de veneração. O marido venera a esposa com seu corpo ao amá-la, se entregar a ela e levá-la ao êxtase". p. 424

Quem quiser ler "O Inferno de Gabriel" pensando na parte "quente" levará um susto, pois apesar do livro conter partes bem sensuais, a maioria são relatos de beijos...beijos de tirar o fôlego!
Na verdade, a leitura é muito mais poética do que qualquer outra coisa, é cercada de sensibilidade e tem como base a estória de Dante e Beatriz - "A Divina Comédia".
A parte do "O Inferno" inspirou o título, e a "A Divina Comédia" a estória acerca de Gabriel e Julia.

Um dia esses jovens se encontraram, e Gabriel descobriu em Julia a sua Beatriz, mas assim como na estória original, o destino os separou por muitos anos.
O segundo reencontro foi no curso de pós graduação, onde Julia tem aula com o seu amado, mas sem que ele se lembre dela, até que o destino os une novamente, porem cada um tem que lutar contra o seu inferno pessoal, seus traumas, seus medos e seu passado.

Gabriel é um professor de 33 anos, extremamente egocêntrico e uma alma atormentada pelo passado. Ele se sente uma pessoa sem alma e sem direito de ser amado, diz possuir todos os 7 pecados capitais.
Julia é uma jovem estudante de 23 anos, filha de pais problemáticos, extremamente tímida e com muito medo e traumas. 

O relacionamento dos dois em principio é dominado pela autoridade e poder do professor que humilha a aluna, contudo o fato de terem "parentes" em comum, os dois se vêem obrigados a se relacionar e se reencontram.
Nesse cenário, Gabriel e Julia precisam se conhecer e se perdoar.

Algumas das obras faladas no livro:

"O Inferno de Gabriel" é muito mais que um livro erótico, na verdade nem considero que tenha conteúdo adulto, as cenas sensuais são lindas, inspiradoras e muito emocionais. 
O livro não tem linguagem vulgar, e em 2 ou 3 momentos alguns palavrões.
São 500 páginas muito bem escritas, personagens muito bem elaborados, o enredo todo amarrado, o mistério é ótimo,  o clima de suspense não deixa o leitor desgrudar do livro, e tudo é desvendado no final! Fora que as as aulas de Gabriel são inspiradoras, te fazem conhecer mais sobre vários escritores medievais, como São Tomás de Aquino e quem não leu "A Divina Comédia" ficará morrendo de vontade de ler.

O segundo título da trilogia sairá em Julho: "O Julgamento de Gabriel".

Resenha: O Lado Bom da Vida - Matthew Quick

 


"...conversando sobre meu gosto por nuvens e sobre como a maioria das pessoas perdeu a habilidade de ver o lado bom das coisas, embora a luz por trás das nuvens seja uma prova quase diária de que ele existe". p.18
Pat é um homem de 34 anos, que ficou 4 anos internado numa clínica psiquiátrica e não se lembra do que aconteceu nos últimos anos e nem quanto tempo ficou no "lugar ruim". Sempre tentando ser otimista, e ver o lado bom da vida, Pat mesmo na atual situação não permite que lhe tirem a esperança de que o "filme" da sua vida terminará com um final feliz.
Um belo dia, a mãe o retira da clínica. Contudo, seu pai não fala com ele,  seu  irmão Jake é uma companhia boa que lhe traz alguma paz e o terapeuta Cliff é um amigo para todas as horas. Pat é um personagem infantilizado, cheio de medos infantis e que precisa sempre da aprovação e do olhar dos pais. Seu pai só fala com ele quando os "Eagles" ganham os jogos, o que faz com que constantemente Pat fique ansioso pelo resultado.
Antes de entrar na clínica, Pat era casado com Nikki, e sua maior meta é voltar para ela, por isso ele se torna um viciado em musculação e corrida, emagrece muito, e tenta sempre ser gentil.
Uma noite é convidado pelo amigo Ronnie para jantar em sua casa, onde lhe é apresentada sua cunhada Tiffany que perdeu o marido há 2 anos. Nesse momento surge o relacionamento meio perturbado e intenso entre os dois.




No filme
Pat (Bradley Cooper) é diagnosticado como bipolar, estava internado há 8 meses numa clinica psiquiátrica em Baltimore até que sua mãe o retira de lá. Em casa, ele tenta controlar seu comportamento explosivo, com musculação e corridas, se nega a tomar os remédios, mas depois de alguns acidentes em casa, acaba tomando. Faz terapia com Cliff, e seu irmão Jake é um tanto "metido". 
O pai (De Niro) perdeu a pensão, e vive de apostas dos jogos dos Eagles. O pai sofre de TOC e todos os 3 homens da família são viciadíssimos nos jogos dos Eagles.
Num jantar na casa do amigo Ronnie ele conhece Tiffany que perdeu seu marido recentemente.
O sonho de Pat é poder entrar em contato com sua esposa Nikki, porem uma ordem judicial não permite nenhum contato entre eles, e por isso, Tiffany e Pat fazem um acordo.

"Ronnie me conta aquilo que acredita ser a história de como Tiffany perdeu o emprego, mas a maneira como conta demonstra que ele está sendo tendencioso. Ele conta a história expondo aquilo que ele chamaria de fatos, sem se importar com o que estava acontecendo na cabeça de Tiffany...Ele não me diz o que Tiffany pensa ou o que está acontecendo no coração dela: os sentimentos horríveis, os impulsos conflitantes, as necessidades, o desespero..." Pág. 72- O Lado Bom da Vida - Matthew Quick Ed Intrísenca

Minhas impressões:
O filme é mais leve e divertido do que o livro, mas vale lembrar que o filme é uma comédia e o livro é um drama.
No filme, Pat é mais adulto, mais capaz de viver em sociedade. No livro, Pat é mais emocional, o leitor entra na alma do personagem.
Tiffany é tão problemática quanto o protagonista, e no filme ela tem todo um carisma, que faz o expectador torce por um final feliz entre eles.
O livro dá uma esfriada no meio do caminho até ficar interessante novamente, porem nele as emoções e sentimentos são muito mais trabalhados, e existem passagens realmente comoventes.
Pat é um sujeito extremamente sensível e passa isso para o leitor.


"Sinto como se o Dr Timbers estivesse certo a meu respeito: não pertenço ao mundo real, porque sou incontrolável e perigoso. Mas é claro que não falo isso a Jake, principalmente porque ele nunca foi internado e não entende qual é a sensação de perder o controle, e agora só quer assistir ao jogo de futebol, e nada disso tem sentido para ele, porque ele nunca foi casado e nunca perdeu alguém como Nikki e não esta tentando nem um pouco melhorar a sua vida, porque ele nunca sentiu o conflito que acontece dentro do meu peito todo maldito dia - as explosões químicas que iluminam meu cérebro como se fosse Quatro de julho e as terríveis necessidades e impulsos..." p. 98
Curiosidade:
O livro de Matthew Quick foi escrito em 2008, e virou filme pelo diretor David Russell em 2012, que quis fazer esse longa para o seu filho que sofre de bipolaridade e tem transtorno obsessivo compulsivo, talvez por isso o diretor fez questão de colocar o TOC em De Niro, já que esse fato que não é mostrado no livro.

Considerações finais:
Vale ver o filme porque é divertido e o livro porque é emotivo e sensível. Vale ler e ver porque ambos tentam mostrar que por pior que uma situação pareça, a nossa busca por felicidade não pode parar, porque sempre tem o lado bom da vida!

Resenha: A Travessia - William Young

 

"A dor é real e verdadeira. Acredite em mim, Tony. Uma transformação sem esforço nem dor, sem sofrimento, sem mudança, sem sensação de perda, é apenas uma ilusão de verdadeira mudança."p 60.
Anthony Spencer é um homem egocêntrico, materialista e racional, mas também é um homem marcado pelas dores do passado, pela perda precoce da mãe, por ter vivido em lares adotivos, pela dor do divórcio, pela morte de seu filho.
Tony foca sua vida em ganhar dinheiro e sempre procura uma resposta racional para tudo o que vive. Distante de Deus e da família, ele embarca numa vida de mentira e solidão.
Um dia Tony tem umm AVC devido a um tumor cerebral, fica em coma no hospital e seu espírito encontra ninguem menos do que Jesus e o Espirito Santo. Nesse encontro, Tony irá entender algumas partes de sua vida, e lhe concederam de presente a dádiva de curar uma pessoa.
Voltando a Terra, ainda em "espírito", Anthony conhece Cabby, um menino com Sindrome de Down, Molly, Lindsay, Maggie e Clarence.
Dividindo seu tempo em participar um pouco da vida de cada uma dessas pessoas, Tony consegue sentir o amor que um tem pelo outro e ver a sua vida de outra maneira.

"Tony, o inferno é acredita e viver na realidade quando ela não é a verdade.

Para quem pensa que ele é um auto ajuda, ou um livro religioso, A Travessia é bem mais que isso. Um livro muito bonito, com uma estória emocionante (não tanto quanto A Cabana que eu amei!), e fala sobre o poder do perdão, da bondade e da fé.
Cheio de passagens bonitas, momentos hilários e de pesamentos profundos, A Travessia é antes de tudo um livro que faz o leitor pensar e reanalisar sua vida.

Resenha: Uma Questão de Confiança - Louise Millar

 




"Então, quando abri a boca para lhe contar a verdade, hesitei.  Ao hesitar, observei a verdade se soltando silenciosamente de minha boca, vagando numa nuvem indistinta de ar condensado e desaparecendo no céu negro como o breu". p. 285

"Uma Questão de Confiança"é um livro viciante, posso dizer que foi um dos que eu mais gostei de ler nesse ano.

Ele conta a estória de 3 mulheres distintas: 
Callie, mãe de Rae, divorciada de Tom. 
Suzy esposa de Jez e mãe de Henry e mais gêmeos; 
Debbs casada com Allen.

Callie mudou-se para a rua há 2 anos com Rae. A menina sofre de um problema cardíaco que esta controlado, porem a mãe vive de cheia de cuidados e medos pela saúde frágil da garota.
Suzy é uma mãe exemplar de 3 meninos, e guarda o desejo de querer uma filha, porem seu marido Jez a rejeita e não a deseja mais.
Debbs é uma senhora de 48 anos, recém casada com Allen, uma mulher um pouco transtornada com seu passado, sofre de transtornos de ansiedade.

Callie vê em Suzy a sua única amiga, já que a vizinhança toda e até as mães do colégio das crianças não querem contato.
Quando Callie recebe uma oferta de emprego e vê aí uma oportunidade de parar de depender financeiramente do pai de Rae, sua vida começa a se complicar. A menina que sempre foi meiga, começa a fazer birra para ir à escola, Suzy a alerta sobre o comportamento estranho que Rae começa a desenvolver, a menina sofre um acidente nas mãos de Debbs.
A polícia é acionada e o histórico de Debbora é apresentado.

Porém até que ponto podemos confiar numa pessoa? Quem é totalmente confiável?

O livro é dividido em 3 narrativas, sendo Callie em 1a pessoa, e Suzy e Debbs em 3a pessoa. Ele narra a vida dessas mulheres comuns, como eu e você, e a estória poderia acontecer com qualquer uma de nós, e isso é o mais interessante.
Suzy é uma mãe que ama demais seus filhos, guarda todas as mágoas para que os meninos não sintam o clima hostil de seu casamento, ela mantem as aparências pelo lar que construiu, mas sente saudade do tempo que foi amada, e sente falta do amor do marido. Acredito que Suzy e Debbs são as personagens mais bem caracterizadas e formadas do livro. O leitor sente o que elas sentem, é impressionante.
Callie é separada e relembra como era bom estar com o pai de Rae, faz tudo pela menina, mas ao mesmo tempo quer independência financeira.
Debbs é professora, tem 48 anos, uma mulher ansiosa e insegura, sofre de manias. Vive fragilizada pelos seus medos e perseguições.

As três mulheres tem segredos e passado que as perturbam. Será que se pode confiar em alguma delas?

A vida delas se enreda de uma forma envolvente e viciante. 
São 382 páginas que voam, pois a escrita é interessante, rápida e fácil
O leitor não consegue parar a leitura. A trama é muito bem formada, é um suspense psicológico maravilhoso.

Vale muito a leitura!!

Resenha: Proteja-me - Juliette Fay

 


"Em parte ela sentia que era como passar por um acidente feio na estrada. Você sabe que não deve reduzir para olhar e, no entanto, de algum modo sempre acaba fazendo isso. Havia algum alívio humano fundamental em ver os resultados de tomadas de decisões erradas, ou de uma reação inadequada ao perigo, ou do puro infortúnio alheio. Faz você se sentir sortudo em comparação, não importa qual seja sua história triste. Vergonhoso, mas humano."
"Proteja-me" começa 3 meses após a morte de Robby.
O marido de Janie morre em um acidente de bicicleta e deixa além da esposa, os filhos Dylan de 4 anos e Carly de apenas alguns meses.
Janie, a nossa protagonista,  se vê desamparada, desesperada e extremamente sozinha, apesar de sua tia Jude e a vizinha Shelby sempre estarem do seu lado.
A melhor forma que encontra para lidar com o luto é a raiva! E nisso, Janie passa boa parte do livro pedindo e concedendo perdão...será que essa é a melhor forma de aprender a se perdoar também?

"A Solidão tem um propósito. Abre espaço para alguma coisa. É feita para nos fazer ir atrás do mundo. Isso não é tão ruim (...) A solidão é dolorosa. Mas o sofrimento não é errado em si. É parte da experi6encia humana, e desse modo, nos aproxima de todo mundo". p. 118

Numa manhã aparece Tug, um empreiteiro que fora contratado por Robby alguns meses antes de sua morte, para fazer uma varanda na parte da frente da casa, Tug logo vira amigo de Dylan.
Também tem o padre Jake que é recrutado para visitar Janie todas as 6a feiras para tentar ajuda-la a suportar a dor e ter alguem para conversar.
Nesse contexto é que a estória de uma sensibilidade desigual e de grande aprendizado acontece. Esse é um romance dramático, que te faz chorar, se emocionar e pensar nele durante horas, dias!

As personagens são extremamente humanas! Tia Jude é uma mulher que criou os filhos da irmã, e que vive para ajudar as outras pessoas.
Tug é um carismático carpinteiro, de 40 e poucos anos, sempre dando um bom conselho ou ajudando Janie. E o padre Jake que é um sujeito meio apagado no início do livro, mas depois, somos tomados por sentimentos por ele, assim como nossa protagonista.

Aos poucos, no decorrer desse 1 ano após a morte de seu marido, Janie vai descobrindo que apesar da sua dor ser grande, as demais pessoas também as tem! Todos temos traumas, medos, sofrimentos, assim como ela.

O livro é extenso, são mais de 440 páginas narrando o dia a dia de Janie, mas em nenhum momento fica cansativo, o leitor entra na vida dessa viúva e começa a sentir o que ela sente.
Tem dias que ela não quer acordar, tem dias que não consegue dormir, tem dias o a única coisa que ela quer é um abrigo, tem dias que ela quer a solidão.

A Autora também trata de questões como pedofilia na igreja, agressões contra a mulher, e síndrome de Asperger.

Esse livro traz em si uma grande lição, se não lições: Podemos sempre ter uma 2a chance na vida, que nos devemos dar uma 2a chance! 
"Estamos todos aqui de empréstimo. A única coisa que faz sentido é ficarmos juntos. p 435
Amei! Recomendo muito!

Resenha: As Virgens Suicidas - Jeffrey Eugenides

 

"O que você está fazendo aqui, meu bem? Você nem tem idade para saber o quanto a vida pode se tornar ruim. - perguntou o médico.
- É óbvio, doutor, ela disse, você nunca foi uma menina de treze anos". p.11

"As virgens suicidas"é um livro tragicômico.
Desde o início você fica sabendo que as 5 irmãs Lisbon suicidam-se, e o grande suspense é saber o motivo!
Tudo começa num subúrbio da década de 70, quando a filha mais nova do casal Lisbon tenta se matar cortando os pulsos. 
O Sr Lisbon é o professor de matemática da escola onde suas 5 filhas: Cecília (13), Lux (14), Bonnie (15), Mary (16) e Therese (17) estudam, sua esposa a Sra Lisbon é uma dona de casa e religiosa fervorosa.
"Naquele instante o sr. Lisbon sentiu que não sabia quem ela era, que filhos eram apenas estranhos com os quais você concorda em morar..." p.58
Cecília é encontrada nua na banheira da casa com os pulsos cortados e um santinho da Virgem Maria nas mãos. Apesar da tentativa, a menina se salva. 
A família então muito rígida, afrouxam as regras e deixam as meninas fazerem uma festinha em casa e chamar alguns meninos da rua. Os garotos são apaixonados por elas, mas principalmente por essa áurea inatingível que elas tem. Essa festa é o acontecimento do ano! Mas nesse mesmo dia, Cecília consegue então acabar com sua vida, se jogando da janela do seu quarto para as flechas da cerca do portão.
Depois disso, a família se fecha, e o contato com as garotas se torna ainda mais difícil.

O livro é narrado por um dos garotos (hoje um senhor) que morava na rua, vinte anos depois dos suicídios.
Durante a narrativa, você tem a possibilidade de ver diversos pontos de vista sobre a família e sobre o que aconteceu. São vizinhos dando opiniões, parentes, colegas de classe...todos em busca do porquê daquelas mortes. Cada um tem uma versão, o que por vezes torna o texto engraçado.
"Na banheira, cozinhando no caldo de seu próprio sangue, Cecília tinha liberado um vírus que as outras meninas contraíram pelo ar, mesmo quando tentaram salvá-la. Ninguém se preocupou em saber como Cecília havia contraído esse vírus. O contágio se tornou sua explicação". p.147
Eu li e fiquei dias pensando antes de fazer a resenha, por que um livro desse tem em si um contexto pesado, apesar dele não ter nada de triste, e o leitor se pega refletindo nas meninas, nas vidas que levavam e o que as motivou, mas acima de tudo, eu fico pensando qual mensagem que o escritor Jeffrey Eugenides quis passar.
Acredito que "As virgens suicidas" é acima de tudo uma crítica ao modo de vida americano, onde a vida parece um comercial de margarina, onde as pessoas sempre parecem felizes, e encabulam dentro de si seus verdadeiros sentimentos.
Ao mesmo tempo, será que as mentes e corações mais sensíveis sabem lidar com esse mundo cheio de imperfeição, com todas as falhas e opressão?

Resenha: O Teorema Katherine - John Green

 




"Tava pensando no seu lance de ser importante. Eu acho que a sua importância é definida pelas coisas que são importantes procê. Seu valor é o mesmo das coisas que ocê valoriza". p, 267
Colin é um garoto que terminou o ensino médio, e que tem na sua bagagem 19 namoros rompidos por meninas chamadas Katherine.
Ele é um prodígio, que desde criança é incentivado, a aprender e a superar metas de aprendizado, pelo seu pai. Colin sente que o tempo esta passando e ele esta se distanciando cada vez mais de ser alguem importante, um gênio ou algo assim.
Depois que Katherine XIX desmancha o namoro com ele, Colin e seu amigo Hassan decidem passar o verão viajando, sem destino certo.
Hassan é o melhor/único amigo de Colin. Ele é muçulmano, não pretende fazer faculdade, e não quer nada da vida além de "sombra e água fresca".
"Qual o sentido de estar vivo se você nem ao menos faz algo extraordinário? Que estranho acreditar que um Deus lhe deu a vida e, ao mesmo tempo, achar que a vida não espera de você nada mais que ficar vendo TV". p. 46 
Após os pais concordarem, Colin e Hassam caiem na estrada, e a primeira parada é em Gutshot, onde eles conhecem Lindsey. Numa visita guiada ao cemitério, Colin cai e tem seu primeiro momento "eureca" que é fazer um Teorema sobre seus relacionamentos e descobrir porque ele sempre é um Terminado, e não um Terminante.
Os meninos conseguem um emprego para entrevistar os funcionários da fábrica de Hollin (Mãe de Lindsey) e a visão de mudo deles muda para sempre. 

Se John Green escrevesse bula para remédio, eu lia! Porque amo o jeito, a sensibilidade, o humor, e a delicadeza desse escritor.
Em "O Teorema Katherine", John mais uma vez fala sobre a busca da nossa essência. Quem somos verdadeiramente? O que queremos da vida? Porque a visão que os outros tem de nós, nos perturba tanto?
Colin sofre uma pressão inconsciente por parte do pai e até dele mesmo, de ser gênio, de fazer algo extraordinário no mundo, mas ao mesmo tempo, não consegue perceber as sutilezas da vida, não consegue pensar além de seu próprio umbigo, de sua própria vida e de seus relacionamentos fracassados. E o interessante da estória é ver a mudança de todas as personagens, de seu amadurecimento, e como o convívio consegue despertar o EU verdadeiro de cada um.
"Assim como quase nenhuma frase verdadeira começando com eu podia ser dita pela Linsey, Colin estava vendo todas as coisas que pensara serem verdadeiras a respeito de si mesmo, todas as frases dele com eu, irem por água abaixo. De repente, não havia só um pedaço faltando, mas milhares deles". p 222
Dos livros já publicados por Green, achei esse o mais "leve", é narrado em 3a pessoa, a leitura é super fácil, gostosa, as personagens são ricas de conteúdo e detalhes, o enredo é todo amarrado e super envolvente, eu ri muito em diversas passagens, e também me emocionei.
John conseguiu capturar toda aquela emoção e angústia de namoro, e ao mesmo tempo consegue genialmente criar cenas interessantes de humor e ironia, em todos os seus livros, ele cita conteúdos interessantes, outros títulos de livros que você acaba com vontade de ele também. No final, tem um Apêndice sobre os teoremas para quem gosta de matemática, é um prato cheio!
Penso que a maior lição que podemos tirar do livro é que cada dia é uma nova chance de se reinventar, e que o importante é aquilo que é importante para nós mesmos.

Recomendo muito!

Resenha: O Livro do Amanhã - Cecelia Ahren

 

"Pergunto-me se Deus pode ver uma saída para mim e mamãe. Se eu vejo a janela aberta para a mosca, Deus vê os amanhãs para mim e mamãe. Essa ideia me consola. Bem, me consola até eu sair da sala, retornar algumas horas depois e ver a mosca morta no parapeito". p.18
Tamara é uma adolescente de 16 anos, que um belo dia tem seu mundo de riqueza e futilidade, virado de pernas pro ar: seu pai cometeu suicídio, pois estava completamente endividado.
Além de ter perdido seu pai, a garota perde seus amigos, o colégio, a casa e se vê se obrigada a morar com a mãe, na casa dos tios que é um antiga guarita de um castelo.
Para se ter uma idéia, a cidade mais próxima é a 15 minutos de carro, não há nada perto da nova casa, a não ser um bangalô e uma casa de freiras.
Tamara que sempre teve tudo o que quis, e nunca deu valor para nada, se vê sozinha nesse novo território.

Objetos começam a sumir, coisas estranhas acontecem, sua tia Rosaleen aparece nos momentos mais inoportunos, vigia a menina o tempo todo, a mãe de Tamara, Jeniffer,  que sempre fora articulada e falante, não faz outra coisa a não ser dormir. 
Tamara tem uma chance de ter seu mundo mais animado quando passa Marcus com seu ônibus, que na verdade é uma biblioteca itinerante. Nele, a garota descobre um livro que se revela seu diário, sempre contando o dia de amanhã. Mas será que alguém acreditará nela? Será que o que ela ouve, vê e pensa não é   coisa da sua cabeça?
Nesse momento a trama fica cada vez mais envolvente, cheia de mistério, suspense e leva o leitor a um final  inesperado!
"As mentes se abrem mais tarde na vida, pela tragédia ou pelo triunfo. Ambos funcionam como a chave que abre e ergue a tampa daquela caixa que sabe-tudo e aceitam o desconhecido, dizem adeus ao pragmatismo e às linhas retas". p. 10
Eu adorei "O Livro do Amanhã".
Além de ser um livro onde se tem uma lição que o leitor reflete sobre as personagens, sobre sua evolução e vida, eletem um ponto muito forte: SUSPENSE!
Em determinado momento eu não conseguia parar de ler, porque simplesmente queria saber o final, o que estava acontecendo de fato, quais eram os mistérios.
O livro é narrado em 1a pessoa: Tamara. A garota conta a estória e conversa com o leitor, você sente que ela está mesmo te contando, narrando os fatos, como ela se sente, como era sua vida, como maltratava os pais para ter só um pouco de atenção, como sua vida era fútil, e no decorrer da trama, vemos como nossa protagonista vai amadurecendo.
O enredo é bem amarrado, as personagens são bem descritas, a narrativa flui e principalmente depois da página 130 fica muito mais interessante.
A autora Cecelia Ahren é conhecida por ter escrito "P.S.: Eu te amo" que foi adaptado para o cinema, e que é um romance lindo, super fofo! Já "O Livro do Amanhã", não tem muito romance, mas sim aventura, suspense, e muita adrenalina!

Resenha: A Probabilidade Estatística do Amor à Primeira Vista - Jennifer Smith

 

"- É aquela velha história - disse o pai -, se você ama alguém, deixe que se vá.- E se não voltar?- Alguns voltam, outros não - respondeu e apertou o nariz da filha - Eu sempre vou voltar.- Mas você não tem luz (como o vagalume) - explicou. O pai sorriu.- Quando estou com você, tenho sim."p. 120
"A Probabilidade Estatística do Amor á Primeira Vista" é um livro apaixonante!
Na verdade ele foi uma grata surpresa por que não esperava gostar tanto! E no final das contas me apaixonei!
A capa por si só já é fofa, e quando você começa a leitura, não consegue parar devido ao jeito cativante e interessante que a autora Jennifer Smith narra sua estória.

Hadley é uma moça americana de 17 anos que tem que viajar para Londres, pois será o casamento de seu pai.
Hadley não lida bem com a separação dos pais mesmo já tendo passado mais de 2 anos. Ela sente a perda do pai...da família, e chega a ter raiva dele por ter saído de casa. Nem sequer concebe a idéia de ter uma madrasta. 
Por insistência da mãe, ela decidi ir à cerimônia, porem chega 4 minutos atrasada no aeroporto e perde o vôo, sendo então remanejada para o seguinte.
Por golpe de sorte ela fica conhecendo Oliver, um britânico boa pinta, educado e que senta ao seu lado no avião, eles trocam idéias, confidencias e devaneios a viagem toda.
Mas quando aterrizam, como será que ficará esse sentimento todo? Será que serão apenas dois desconhecidos? Será que estão apaixonados?
"É isso que se faz em aviões. Você divide um apoio de braço com uma pessoa por algumas horas; troca histórias sobre sua vida, conta uma coisa ou outra, talvez uma piada. Comenta sobre o tempo e sobre a comida, que está ruim. Escuta o outro rocando. E, depois, diz adeus". p. 97
Esse livro tem a capacidade de  fazer você sentir aquele friozinho na barriga da época de início de namoro, aquela insegurança de não saber se voltaremos a nos ver, se o que eu sinto é a mesma coisa que ele sente. 
É um chick-lit delicioso que faz com que o leitor não consiga parar de ler até a última página.
No decorrer da leitura vários pontos sobre as vidas dos dois são esclarecidos, me peguei emocionada várias vezes com o crescimento da personagem de Hadley e com o sentimento que ela guarda dentro dela.
Vale muito a leitura!

Eu amei!

Resenha: Machu Picchu - Tony Bellotto

 


"Olho em volta: homens, mulheres, crianças e animais domésticos aguardando dentro dos carros, como funcionários ansiosos confinados em pequenos cubículos de uma enorme repartição pública. Ou presos amontoados em celas minúsculas numa penitenciária carioca de segurança mínima. Ou vermes famintos imobilizados num gigantesco cemitério de automóveis. Um inferno de Dantes com pegada pop." p.49
"Machu Picchu" é o novo livro do roqueiro e escritor Tony Bellotto, lançado pela Companhia das Letras.
O livro todo acontece em um único dia e conta a estória de uma família, ambientada no Rio de Janeiro.
Zé Roberto e Chica são casados há dezoito anos, tem um filho Rodrigo.
O livro começa com Zé Roberto fazendo sexo virtual com W19, uma moça que conheceu no Facebook. Logo mais terá com Chica um jantar romântico de comemoração dos 18 anos de casamento. Porem um congestionamento monstruoso acontece e ambos ficam presos no trafego, e começam a refletir e repensar sua vida e seu casamento.
Zé Roberto aproveita a ocasião e começa um diário em seu Ipad, contando sobre sua "amante virtual", sobre o início do namoro com Chica e sua  vida em geral.

"Evidentemente o Homem - eu, se o querido diário ainda não notou; é que certas coisas são mais fáceis de confessar na terceira pessoa". p.17

Chica conta para o leitor com a mesma fluência de Zé Roberto sobre o começo do namoro, seu casamento e seu caso com Helinho, um colega de trabalho, com quem ela tem um caso há alguns meses.

"Continuo apaixonada pelo Helinho mesmo depois de ele ter me dado um CD do Wando no Dia dos Namorados. Isso não quer dizer, evidentemente, que eu queira terminar meu casamento com o Zé Roberto para ficar com o Helinho. Claro que não." p. 30

O livro é dividido em 3 narradores: Zé Roberto, Chica e Rodrigo, o filho maconheiro do casal. 
Além disso a trama conta com uma ex namorada e mãe da filha de Zé: Betí e a filha Claudinha, o traficante Frank, e a afilhada maluquinha do casal: Anita.

O jantar de casamento se torna um acerto de contas hilário.
O cenário todo é cômico, o leitor se pega as gargalhadas em várias passagens. 
A leitura é super dinâmica, fluida, empolgante. Cheia de ironia e sarcasmo, como só Bellotto consegue fazer.
Os personagens são bem escritos, interessantes, assim como toda a história, que ainda tem um "q" policial.

Querem saber o porque do título?
Hummm...leiam o livro até o final! :)

Recomendo para quem quer se divertir e refletir!

Resenha: Extraordinário - R. J. Palacio

 

"A única razão de eu não ser comum é que ninguém além de mim me enxerga dessa forma". p. 11

Extraordinário é um livro mágico, por que faz o leitor pensar, e pensar muito!

Nele ficamos conhecendo o August, um menino que nasceu com uma deformidade facial raríssima e que apesar das 27 cirurgias que se submeteu, ainda é alvo de bullying e chacota.
A estória narra a entrada de Auggie na escola.
Até os 10 anos o menino só tivera aulas em casa com a mãe, e agora os  pais decidem que seria bom que ele se socializasse, e Auggie aceita o desafio.
Chegando na escola, ele é recepcionado por 3 crianças, que teoricamente são as mais boazinhas do colégio,  mas desde esse momento o menino percebe que mesmo na escola, nem todos estão prontos para lidar com  as diferenças.

O maior desejo de August é que todos o vejam como ele se vê: uma pessoa normal, comum! Com um rosto diferente sim, mas só isso!
A leitura é super rápida e fluida, é um livro que você lê numa noite, porque é extremamente interessante, e a linguagem que a escritora usa, nos absorve, queremos mais e mais.
"Extraordinário" é narrado em primeira pessoa, porem como é dividido em diários, cada hora é um integrante da vida de August que nos fala sobre ele, sobre sua própria vida, como se sente em relação a  ele e aos seus sentimentos, carências, medos e inseguranças. Isso faz de "Extraordinário" um livro rico de sentimentos e emoção.

A parte que me chamou mais atenção foi a de Olívia, irmã de Auggie, que se sente só, mas aceita a atenção exclusiva que os pais dão ao menino, por ele ter todos os problemas, ela fala sobre vergonha, culpa, amor. É bem emocionante.

O livro trata da transformação de August, da formação de caráter, do seu desenvolvimento social e humano.
A autora nos faz pensar que apesar dos nossos problemas, os outros também tem problemas e acabamos vivendo nos nossos mundinhos, sem conseguir olhar pro lado. Isso vale pro Auggie, que acaba querendo atenção só para ele, e se esquecendo do que esta em volta.
Com ele, também, aprendemos que as vezes rir da própria "desgraçada" é a melhor saída. Sempre ter senso de humor.

É um livro cativante, cheio de lições de vida, leitura gostosa e  que aquece o coração.
Recomendo!!

Resenha: A Lista dos Meus Desejos - Grégoire Delacourt

 


"Eu possuía o que o dinheiro não podia comprar, mas apenas destruir.
A felicidade.
Minha felicidade, em todo o caso. Minha.
Com seus defeitos. Suas banalidades. Suas pequenezas. Mas minha.
Imensa. Fulgurante. Única". p.112

"A Lista dos meus Desejos" é um livro de extrema sensibilidade! Parece que em alguns trechos você está lendo uma poesia. 
A maneira como o escritor conduz a narrativa e nos conta sobre suas personagens é cativante, e nos mantem fixos na leitura, que é fluída e interessante.

Grégoire Delacourt apresenta ao leitor a estória de Jocelyne. Ela é uma mulher de 46/47 anos, gorda, mãe de 2 filhos adultos, casada com o Jocelyn.
Ela tem um armarinho e um blog sobre tricô. Ele trabalha numa fábrica de sorvete.
Jo é uma mulher cheia de pequenos sonhos, e de cicatrizes que a vida fez. Uma mulher que não se sente merecedora de grandes amores, emoções. Uma mulher que apesar de tudo o que já passou, gosta da sua vida, e de seus pequenos sonhos.
Um dia, Jo aposta na loteria e ganha 18 milhões de Euros. 
Com receio de perder o de mais sagrado que ela tem: família, ela mantem o fato em segredo. Porem o inesperado acontece, e Jocelyne precisa reinventar sua vida.

O livro é curto, são 150 páginas, mas a personagem é uma mulher forte! Marcante! Uma personagem sofrida, mas que mantem a beleza das pequenas coisas.
Após ficar milionária, ela faz uma lista com os seus desejos, onde se incluem um descascador de batatas e um tapete novo para o boxe.
Tudo o que essa nossa guerreira quer é ser amada, ser vista como uma mulher atraente, e manter sua vidinha.
Ela tem um blog de tricô, que ela acha que é um passatempo sem importância, e aos poucos ela nota que suas palavras fazem com que milhares de mulheres se sintam bem, felizes, e consigam inspiração.
Na verdade, nossa protagonista foi tão maltratada pelas pessoas, que não consegue ver as coisas boas que faz.

Porem o destino se encarregará de dar um novo começo a ela.

Resenha: A Pousada Rose Harbor - Debbie Macomber

 

"Não sei se consigo viver sem você" disse eu, o que era verdade.
"Você consegue e viverá. Na verdade sua vida será longa e plena. Você sentirá alegria novamente e boa parte dela virá da Pousada.
A pousada é meu presente para você."

 "A Pousada Rose Harbor" é o primeiro livro de uma trilogia.

Marie Jo é uma  mulher de 37 anos, que perdeu seu marido 3 meses após o casamento.
Ele era um oficial do exército americano, e seu helicóptero foi abatido pelo Al Quaeda. 
A perda e o luto são encarados por Marie que sofre intensamente a perda de Paul, mas também não aguenta continuar no mesmo lugar, com a mesma vida que tinha antes, e decide se mudar para uma cidadezinha e comprar uma pousada.

A Pousada Rose Harbor é o local onde as feridas dos seus hóspedes e as dela serão sanadas.
Pela descrição da escritora, essa pousada é um lugar super aconchegante, e faz com que queiramos estar lá provando dos quitutes de Marie, e conhecendo cada cômodo.

O livro gira em torno de 1 final de semana, onde conhecemos os primeiros hospedes: Josh e Abby. Ambos tem pendências com o passado e com a cidade de Cedar Cove.

O pai de Josh sumiu quando ele era pequeno, e a mãe casou-se com Richard, um homem austero que nunca suportou o enteado, porem agora o padrastro esta nos momentos finais da vida, e talvez essa seja a oportunidade de se perdoarem.

Abby passou sua vida toda em Cedar Cove, até que um acidente matou sua melhor amiga Angela. Se sentindo culpada, Abby nunca se permitiu viver plenamente sua vida, e quem sabe nesse fim de semana, ela tenha a chance de enterrar esse passado de tristezas. Morando atualmente na Flórida, ela volta a pequena cidade, para participar do casamento do irmão. Quem sabe ai ela possa encontrar o seu grande amor?

Também conhecemos Mark, o faz tudo da região, que tira Marie Jo do sério, e promete cenas para os próximos capítulos...

Eu achei a estória interessante, os personagens bem construidos, e o tema que é a busca do perdão, da reconciliação e da paz, é lindo! A editoração está fabulosa, as páginas tem desenhos de rosas, a capa é linda. Porem em alguns momentos eu achei que a escritora "enrola" nas passagens, a escrita fica "mais do mesmo". 
Mas o livro prende o leitor e faz com que queiramos ler a segunda parte! 
Os novos hospedes já fizeram reserva! O que podemos esperar? :)

Resenha: Como Viver Eternamente - Sally Nicholls

 

"Meu nome é Sam. Tenho onze anos.
 Coleciono histórias e fatos históricos.
 Quando você estiver lendo isso, provavelmente já estarei morto."

Inaugurando a onda dos Sick-lit"Como viver eternamente" é o primeiro livro de Sally Nicholls, publicado em 2008.
Ele conta a estória de Sam, um menino de 11 anos que tem leucemia no estado final da doença.
Devido a doença, Sam não vai à escola, mas tem aulas particulares em casa com a Sra Willis e com o amigo Félix, também portador de câncer.
Em uma das aulas, a professora pede que os alunos escrevam algo sobre eles, empolgado. Sam começa a escrever o seu livro!
Nele, o garoto conta fatos do dia a dia,  faz listas de coisas que gostaria de fazer antes de morrer, como gostaria que as coisas fossem depois que ele morresse, e escreve sobre curiosidades e fatos históricos.

A edição é linda! Com muitas páginas cheias de desenhos, imagens imitando cartões, papéis...bem bonito mesmo!
A narrativa é uma mistura de choro e riso. 
Apesar de ser um livro com um tema forte e triste, ele tem uma mensagem positiva: Não se pode perder tempo! Não se pode deixar as oportunidades passarem! Vamos ser felizes hoje!
Notei muita semelhança de "Como viver eternamente" com o livro "A Culpa é das Estrelas" que foi publicado em 2012. Acredito que Jonh Green tenha lido o livro de Sally Nicholls e se inspirado.

É uma leitura fácil, emotiva, sensível, bonita! Só lendo para saber! Recomendo muito!
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